E quando sentires o ar a sufocar, não te interrogues.
Deixa-te morrer...
O ar não estava a passar, estavas a morrer.
Tens razão, ele não te avisou.
Mas eu avisei-te.
Mas de que te vale?
Já estás a morrer.
Morreste.

Morreste-me e não houve quem tivesse piedade, "porque não mereces o ar que respiras" -
- disse ele.
Sabes? Ainda vais a tempo de te vingar.
Não aqui nem agora, porque morreste.
Morreste sem antes te vingares de mim.
Porque ele também me matou, e também não me avisou.
E outrora também me tentaste avisar, mas tardiamente.
Porque não aprendeste?
Porque morreste?
Odeio-te por me teres avisado.
Odeio-te por te ter avisado.
Porquê?
Porque é que isto é um ciclo sem fim?
Porque é que morremos arrependidos, com raiva, com ódio?
Porque sem sabermos, eu já te odiava.
E tu já me odiavas
E foi por isso que nada nos serviu de nada.
Porque o ódio já vivia dentro de nós,
Porque o ódio nos corroeu por dentro e nos matou...